Com seu nome sempre ligado ao esporte americanense, especialmente ao Rio Branco, RW terá a partir de 2015 a missão de recuperar a Secretaria de Esportes, uma vez que nos últimos dois anos a queda do setor esportivo da cidade foi drástica, sobressaindo sobre as demais crises que assombram a Princesa Tecelã.
CARREIRA
Há 15 anos, Roger Willians respira jornalismo esportivo, mas isso não é unanimidade. O narrador conta que já gostava de participar do mundo político desde jovem: "Eu sempre gostei, desde pequeno, da vida pública. Sempre me manifestava nas campanhas. Sempre adotava um lado. Sempre quis participar, eu acho saudável a vida política. Você participar de um partido é saudável. É saudável debater os problemas da cidade, poder opinar. É uma maneira mais próxima de emitir a sua opinião."
Entretanto, apesar de toda a história com a política, RW não esperava ser vice-prefeito de Americana: "Eu me filiei ao PSDB com 18 anos. Eu iniciei no rádio antes. Tenho 15 anos de rádio. Então, o rádio veio antes da política. Foi por essa linha. Mas não esperava que um dia eu fosse chegar a ser vice-prefeito da cidade (risos)."
Multifunções, Roger começou o ano de 2015 com quatro empregos. Mas, uma de suas principais funções, por vários anos, foi a de assessorar os deputados Cauê e Vanderlei Macris: "Eu não estou mais como assessor (dos Macris). Até mesmo, legalmente, eu precisei me afastar para concorrer. E, agora, eu tenho o meu próprio mandato e eles têm o mandato deles. Entrou uma outra pessoa no meu lugar que faz a administração do gabinete deles."
Com orgulho, Roger conta todas as suas funções: "Vice-prefeito, num papel de articulação política com o governo estadual e federal e com os deputados; faço, aqui, a secretaria de esportes; continuo na Rádio Central; e na Rede Família de Televisão, participando do programa Cadeira Cativa."
Questionado como se desdobra e mantem o pique para desempenhar bem todas essas funções, Roger responde com bom humor: "Como faz para se desdobrar? Nem eu sei (risos)."
RIO BRANCO
O nome de Roger Willians sempre esteve vinculado ao Rio Branco Esporte Clube. Até mesmo, já foi considerado o "narrador da torcida riobranquense". Esperava-se, até mesmo, que futuramente o jornalista entrasse no clube e participasse mais efetivamente dele, talvez como diretor. Porém, o secretário desvia dessas especulações: "Nunca fui sócio do Rio Branco. Você tem que fazer o que acha que você é bom. Eu, enquanto jornalista, sempre procurei ser muito crítico porque eu amo o Rio Branco. Agora, daí eu achar que vou ajudar como dirigente, eu não tenho capacidade."
Por diretores, o narrador já foi cobrado a ser diretor do Tigre: "Cada um na sua. Teve gente, inclusive, que, quando eu criticava, acabava falando: "Você critica, por que não vem aqui comandar?". Porque eu não quero. Cada um na sua. Só que se o cara foi eleito para ser presidente, ele que honre como presidente."
Nos últimos tempos, Roger tenta se desprender do Rio Branco, condenando o recente uso do alvinegro como objetivo político. "Eu me desliguei, por completo, a partir do momento que... O Rio Branco sempre esteve aliado com a política. Não vamos achar que não. Mas, a partir do momento que foi usado muito como instrumento político, muito, aí eu fechei meu blog, me afastei. O clube se rebaixou a esse ponto de ser usado como instrumento político. Não gostei, não achei certo. Mas, hoje, eu estou em uma posição neutra que eu preciso ajudar o clube. Hoje, o estádio é municipalizado, eu sou secretário de esportes e eu sou o responsável jurídico pelo estádio. Então, eu tenho que deixar essa questões, hoje, de lado, para não prejudicar o clube da posição que eu estou."
Entretanto, o apaixonado riobranquense não deixou de acompanhar o clube, e mostrou otimismo com a nova parceira do Rio Branco, Zaka Sports e Marketing, e o trabalho feito pelo técnico Fahel Júnior: "Tive uma audiência com o Fahel. Conversei bastante com ele que é um técnico em ascensão. Gostei, até agora, de tudo o que eles estão fazendo. Demonstram muito profissionalismo. Tudo. Pagando antecipadamente os fornecedores e a hospedagem. Os planos de marketing deles são os mais arrojados que eu já vi de um time do interior, sem brincadeira. A TV Tigre, a Rádio Tigre e o sócio-torcedor da Ambev que eles trouxeram para cá; os uniformes que eles vão lançar no dia 20, chamando o empresariado, vão fazer na sede da ACIA (Associação Comercial e Industrial de Americana) que já é muito importante, trazendo a associação comercial para perto do Rio Branco. Fundamental, é fundamental."
Ademais, RW encerrou enchendo de elogios o time, o técnico do Tigre (Fahel Júnior), e destacou alguns jogadores: "O time, em si, as informações são boas de que fez frente a times de Série A-1 nos amistosos. O Fahel é um baita de um técnico. O Cléber (Alves, goleiro); o Jobinho está em uma fase muito boa e é um ídolo da torcida. Tem tudo para dar certo. Só que jogo você já sabe, né? É quando a bola rolar. Mas, a princípio, todos os passos que eles estão fazendo são os corretos."
ASSOCIAÇÃO RIO BRANCO CENTENÁRIO
No ano passado, no dia 13 de abril, o jornal O Liberal trouxe uma matéria especial - que foi até capa da edição - trazendo como destaque repasses da gestão de Diego De Nadai, ex-prefeito cassado no ano passado, para uma associação vinculada ao Rio Branco Esporte Clube. O dinheiro dos repasses, segundo o jornal, veio do fundo de investimentos para o esporte amador de Americana, ou seja, dinheiro que seria investido pela Secretaria de Esportes.
Roger, agora novo secretário da pasta, comentou sobre os repasses e mostrou o andamento das investigações: "A promotoria está investigando. A medida que nós tomamos, assim que entramos, foi a de suspender qualquer centavo de repasse para essa associação "Rio Branco Centenário". E, abrir todas as atas e contas para o ministério público, a fim de que ele possa investigar, porque eu sou contrário a isso. Dinheiro (público) em clube particular eu sempre fui contra, quem me acompanhou no rádio sempre soube disso. Foi errado e tanto que as pessoas que erraram não vão mais fazer parte do Fundo de Assistência ao Esporte. Estamos tirando, até para preservar o fundo. Tem que ser só para modalidades amadoras."
Questionado como poderia ser recuperado o dinheiro dos repasses ao fundo, o secretário esclareceu a situação: "Agora já não é mais uma questão nossa, é do ministério público."
ESTÁDIO DÉCIO VITTA
Roger tem sido prestativo para a liberação do Décio Vitta para os jogos do Rio Branco na Série A-2 2015. O mesmo não se pode dizer de seus antecessores que ignoraram a readequação da praça esportiva.
Sobrou, então, para a Zaka Sports e Marketing, parceira do Tigre, custear a adequação do estádio. Porém, a partir de 2011, em regime de comodato de 30 anos, o local pertence a prefeitura de Americana, ou seja, os investimentos na praça esportiva deveriam vir da gestão pública. Segundo o jornal Todo Dia, os investimentos feitos pela parceira do Rio Branco foi em torno de 100 mil reais.
Roger disse que a empresa não será ressarcida, mesmo o estádio sendo, agora, de responsabilidade municipal: "Não vai ser ressarcida. Não vai ser porque, primeiro, nós assumimos no dia 9 de janeiro, já com uma série de determinações do corpo de bombeiros em curso. Os meus antecessores não se preocuparam com isso. Eu, em cinco dias, com a competência da minha equipe e com a boa vontade do corpo de bombeiros, conseguimos agilizar 80% do que, há três meses, não saiu de 10%. Eles (Aírton Moraes e Alan Zecker, investidores da Zaka Sports), vendo que todo um investimento poderia ir por água abaixo por não ter estádio para jogar, contrataram uma empresa para fazer os estudos de adequação do Décio Vitta e que, também, foram fazendo algumas obras de melhoria que eu não sei se totaliza essa valor. Fizeram sem o meu consentimento, do atual secretário de esportes, então eu não posso dizer que vou reassarcí-los. Se eles fizeram, é uma empresa séria, uma empresa que estou vendo idoneidade e profissionalismo, mas que não podia ter feito investimento num próprio público. E, se fez, fez atitude de doação."
Outro fato que o FOCO NO ESPORTE levantou em questão foi o fechamento do anel do estádio Décio Vitta. Por várias vezes, o ex-prefeito Diego De Nadai falou em ampliação do DV e que as conversas estavam adiantadas com o Ministro do Esporte, na época, Orlando Silva. Isso animou alguns torcedores, mas deixou uma grande pulga atrás da orelha de outros. Roger esclareceu, disse que pode acontecer, mas que não é prioridade: "Não é prioridade minha ampliar o estádio, até pela média de público que levamos para lá. Agora, tem que ter responsabilidade quando vai falar uma coisa dessa. O estádio está em comodato, mas ele é de cunho particular. Você não pode fazer investimento do ministério, do governo do estado, da secretaria de esportes, que mexa na arquitetura do estádio, que comprometa dinheiro público, sendo que daqui a 30 anos o estádio volta para o Rio Branco. Então, não pode, não é uma praça pública de esporte para sempre como é o Centro Cívico. É de cunho particular. Está em comodato com a prefeitura, num contrato que a qualquer momento pode ser revogado. Dessa forma, desde aquelas conversas eu nunca me animei muito como torcedor. Eu prefiro que uma verba dessa venha para cidade para ser construída uma grande arena, para futuramente poder ter aqui um time de ponta de vôlei, de basquete masculino de ponta para disputar o NBB."
Roger mostra formas de viabilizar o fechamento do anel do DV: "Dizer que dá para fechar o estádio tem algumas ferramentas. Por exemplo, uma grande multinacional que irá se instalar na cidade e vai dar, em contrapartida, um retorno para prefeitura para algum investimento. Você pode direcionar isso e pedir para terminar o estádio. Eu, se tiver essa brecha, vou pedir para o prefeito Omar (Najar) para fazer. Eu sei que tem outras prioridades também. Como fizemos, há quatro anos, através do deputado Cauê Macris com a ALL (América Latina Logística), quando tinha uma contrapartida para dar para a cidade e conseguimos que, parte dessa contrapartida, fosse direcionada para trocar o gramado do Décio Vitta. Então, o gramado do estádio foi feito pela ALL numa contrapartida pública."
SECRETARIA DE ESPORTES
O jornalismo deu, ao Roger Willians, alguns talentos que serão essenciais para a sua gestão na Secretaria de Esportes. O narrador comenta alguns fatores que ele aprendeu em sua vida e que utilizará na chefia da pasta: "Não só transmitindo jogos, mas apresentando programas esportivos, fazendo a linha editorial do O Liberal e da Rádio Você, na Azul Celeste como repórter de jornalismo policial e político... Isso dá uma visão, de fora, dos problemas da cidade. Você vive um outro lado do que a sociedade anseia do poder público. Então, por muito tempo, você critica e cobra, e agora, estando desse lado, acho que a grande experiência do rádio me abriu portas para saber dos problemas que a sociedade cobra e que agora eu posso resolver. E o rádio me deu também, o que eu acho que tenho de melhor, modéstia a parte, o meu diálogo, o meu improviso. Consigo discorrer um assunto com uma certa facilidade. Isso ajuda na transparência."
No dia 11, Roger deu uma entrevista ao jornal Todo Dia, de Americana, com matéria de Claudete Campos, mostrando o descaso da sede da Secretaria de Esportes, localizada no Centro Cívico. Segundo o novo secretário, novas ações já aconteceram. "A primeira coisa que nós fizemos foi cortar a grama do campo do Centro Cívico. O campo estava com uma grama de, mais ou menos, um metro. Grama não, já era mato. E é o local que recebemos mais visitantes. De manhã, das 6h a 8h, umas 200 pessoas caminham em volta da pista de atletismo. E, a noite, a partir das 18h, o pessoal vem fazer caminhada aí, cerca de 500 pessoas. Então, a primeira coisa que fizemos foi dar uma impressão de que não está abandonado, de que tem comando aqui. Muitos começaram, depois do corte de grama, a fazer atividades dentro de grama, como parte de atletismo, ou o pessoal que corre na grama por conta do esforço maior e, eventualmente, a maior queima de calorias. Estamos, também, entregando dois carros abandonados que estão aqui há anos. Limpamos a piscina. Fizemos a retirada de todo um envelopamento que tinha aqui dentro (do Centro Cívico) que dava uma conotação política. Aos poucos damos ao Centro Cívico uma cara mais agradável. Mas, também, há praças públicas, hoje totalizam sete, que estão em condições de abandono e que vamos estudar um plano de ação."
O novo secretário definiu os setores que receberão atenção especial: "Escolinhas. As escolinhas de base. E o projeto "Criança Total" que é o que vemos como projeto, porque projeto tem que ser iniciação esportiva e lazer e recreação. A partir disso daí, é competição, é gasto alto, que hoje não temos para custear."
Entretanto, a crise afetou de tal forma a situação da cidade que muitas equipes acabaram, muitas modalidades deixaram de existir, e outras que tiveram seus professores de escolinhas que abandonaram o esporte em virtude dos atrasos de salários. Questionado sobre a regularização dos salários, o secretário respondeu: "É bom dizer que não foi algo que aconteceu em minha gestão e nem na gestão do Omar. Nós não somos caloteiros e vamos procurar pagar o máximo possível, só que se eu ficar pagando e apagando incêndio do passado, eu não vou ter presente e nem futuro aqui dentro da Secretaria de Esportes. Eu preciso fazer um plano, emergencial, para algumas coisas fundamentais. O que está empenhado tem que ser pago, é assim que funciona a máquina pública, e a única coisa que está empenhada é o pagamento de professores, instrutores e supervisores do projeto "Criança Total". Ademais, atraso com coordenadores de modalidades, técnicos de modalidades e repasses para modalidades, isso não está empenhado. E isso foi paralisado, é bom que se diga, por uma decisão errada da gestão anterior de suspender as ações do fundo de assistência ao esporte. Irresponsabilidade, coisa que eu não vou ter. Agora, eu não sou obrigado a ter um ano de 2015 vivo no esporte para pagar coisa de lá atrás. Eles vão entender o momento que estamos passando, nós vamos conversar com todos eles."
Parte da equipe de Roger, na Secretaria de Esportes, foi anunciada, ainda que não oficialmente. Uma das funções mais questionada é a de assessoria de imprensa, muito criticada após a saída de Ariel Ferreira, antigo assessor. Entretanto, segundo RW, haverá economia: "A assessoria vai ser concentrada, toda ela, na prefeitura. De todas as pastas. Como medida de economia, porque antes você tinha 20, 30 assessores de imprensa. Agora, vamos trabalhar só com uma equipe e de carreira."
LIGA AMERICANENSE DE FUTEBOL
No ano passado, a LAF (Liga Americanense de Futebol), que organiza o esporte amador de Americana, reclamou da falta de pagamento dos árbitros por parte da prefeitura da Princesa Tecelã. O campeonato, até mesmo, chegou a ser paralisado, o que causou grande constrangimento. Vale ressaltar que a LAF sempre teve campeonatos bem estruturados e fortes.
Roger salientou que a LAF é uma iniciativa privada e que a prefeitura não ajudará mais no custeamento dos árbitros: "A Liga não é uma entidade pública, mas sim, privada. Então, por consequência não é atrelada a Secretaria de Esportes, a não ser pelo repasse que ela tem do fundo de assistência ao esporte, que nós vamos abrir o fundo novamente e ela terá direito ao repasse das empresas angariou. Nós não vamos abrir licitação para arbitragem para os jogos da Liga Americanense de Futebol. E já passamos isso para a Liga. É um custo muito alto que a prefeitura há anos se compromete a pagar e, no ano passado, de forma irresponsável, não conseguiu bancar. Não vamos cometer essa irresponsabilidade com os atletas e com os clubes amadores."
AMERICANA FORA DOS JOGOS REGIONAIS 2015
O ponto principal da entrevista foi quando o novo secretário disse que Americana não disputará os jogos regionais. Segundo ele, não há dinheiro para custear a participação da cidade no campeonato. "Nós não vamos para os Jogos Regionais neste ano. Não tem condições financeiras para ir. Agora, das modalidades que continuam com vaga aberta, porque ao não ir o ano passado algumas modalidades, cerca de 30, perderam a vaga, então as que continuam com vaga aberta nós vamos chamar o coordenador da modalidade e questionar se ele consegue viabilizar para ir até lá e disputar a competição. Aquilo que acontecia antigamente, com cerca de 60 modalidades, 500 atletas, lamentavelmente, nós não conseguiremos fazer."
ROGER FAZ BALANÇO DO PASSADO E PROJETA O FUTURO
Roger Willians comentou das gestões anteriores (de Mário Antonucci, de Odair Dias e de José Fioque), e projetou o futuro de sua gestão: "Cada um deixou a sua contribuição. Cada um deixou seu legado. Agora, eu farei diferente de todos eles, vou fazer diferente. Principalmente, no investimento na iniciação esportiva e lazer e recreação. Aqui o dinheiro vai ser canalizado principalmente para a sociedade, é o que nós pensamos em fazer em um momento como esse. E, também, farei a recuperação das praças públicas. É isso que eu pretendo fazer diferente de todos eles."
O FOCO NO ESPORTE agradece ao Roger Willians, ao futuro chefe de gabinete Ariel Ferreira e ao futuro secretário de juventude, Osvaldo Klein Neto, o Foca, pelo atendimento e coordenação da nossa entrevista. Nossa redação torce pelo sucesso da pasta esportiva de Americana.
Matéria: Gabriel Pitor Oliveira
Foto: Sanderson Barbarini