quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Matéria histórica: Rio Branco é campeão paulista de vôlei

Há exatos 31 anos, no dia 10 de dezembro de 1983, o Tigre conquistava mais uma glória esportiva em sua rica história de 101 anos. Naquele dia, o Rio Branco venceu o XV de Jaú por três sets a zero - um verdadeiro passeio -, e sagrou-se campeão estadual de voleibol. 

1983 é um ano bastante glorioso ao alvinegro, na época presidido por Luis Mário Marin, ou "Tchida Marin". No ano em questão, o Tigre conquistou o título do estadual de vôlei, fez uma belíssima campanha no paulista de hóquei, e no futebol bateu na trave, quase subindo à elite estadual, mas parando no XV de Piracicaba que tinha um meio de campo comandado por Pianelli. Além disso, a parte social do Rio Branco recebeu grande atenção, tendo seus bailes e domingueiras com grande sucesso e procura.

Confira a matéria do O Liberal de terça-feira, 13 de dezembro de 1983. Vale lembrar que, na época, os jornais não circulavam nas segundas-feiras, e mesmo a decisão sendo no sábado, o domingo passou sem qualquer notícia esportiva. 


Transcrição da matéria
Com uma atuação praticamente perfeita, a equipe de voleibol masculina do Rio Branco - conveniada com a prefeitura - sagrou-se vencedora do Campeonato Estadual da modalidade. O jogo que decidiu o título foi realizado sábado à noite no ginásio de esportes "Milton Fenley Azenha", no Centro Cívico, e em apenas 52 minutos o sexteto local conseguiu passar sobre o 15 de Novembro, de Jaú, por 3 sets a zero. 

Foi o segundo jogo das finais já que, uma semana antes, o Rio Branco também havia derrotado o 15 por 3 sets a 1, na cidade de Jaú. O técnico Zito, após a vitória, chegou a afirmar que "esperava mais do adversário, que não jogou nem a metade do que sabe". Porém, ressalvou o valor dos atletas locais que praticaram um voleibol de muita qualidade. 

Os dois árbitros do jogo - Vicente Canahunga e Saulo Afonso -, não tiveram muito trabalho já que a superioridade técnica riobranquense não permitiu muitas ações ofensivas por parte do 15. Toda a equipe americanense conseguiu manter-se acesa. Não houve substituições e os seis jogadores que atuaram cumpriram o determinado. 

Há de se ressaltar o trabalho de Mário, Lélio, Luis Fernando, Marcelinho, Marcos Nunes e Edmilson. Esta vitória, que significa o título do Estadual, confirmou mais uma vez a volta do Rio Branco à 1ª Divisão na próxima temporada, ao lado das grandes equipes de São Paulo (casos de Pirelli, Pinheiros, Paulistano, Fonte São Paulo e outras). O 15 de Jaú também subiu. 

CAMPANHA DO RB

Rio Branco 1x3 Ipanema, 3 a 0 sobre Piracicaba, 0 a 3 para Itapema de Guarujá (WO), 3 a 1 no Ipanema, 3 a 2 em Piracicaba, 3 a 0 no Itapema, 3 a 2 na Associação Atlética Banco do Brasil, 3 a 2 sobre Osasco, 3 a 0 no Ipanema, 3 a 0 sobre o Banco do Brasil, 3 a 0 com Osasco, 3 a 1 no Ipanema, 3 a 2 no Náutico, 3 a 0 no Náutico, 3 a 1 no 15 de Jaú e 3 a 0 no 15 de Jaú. 

TRÊS REFORÇOS

O técnico Zito revelou, ontem à tarde, que o Rio Branco deverá manter o atual elenco de voleibol e tentar a contratação de três reforços para o próximo mês. Magal, Aldmir e Mário Maringuela estão sendo contactados e propostas à altura da técnica do voleibol destes jogadores serão oferecidas até o final de dezembro. A possibilidade maior de aquisição está sobre Magal, integrante da seleção "B" do Brasil que, neste ano, disputou a Universidade. Marcio Maringuela - atualmente no Palmeiras e morando na Capital, será convidado. Já Aldmir, da Fonte São Paulo, apesar de estar na lista de contratações, tem a sua vinda um pouco mais dificultosa. Isto porque a Fonte não exibe vontade de perder o jogador. A movimentação para que empresas da cidade patrocinem o vôlei também já se iniciou. A Jacyra foi a única durante a temporada de 83 e deverá permanecer contratualmente.



Comentário do título
É, sem dúvidas, um título histórico e que deve ser exaltado. Em 83, essa final foi muito comentada e noticiada na cidade de Americana. A mobilidade foi imensa. Os torcedores lotaram o Centro Cívico, a cobertura regional foi intensa e a expectativa era de um grande jogo. 

O adversário é dos mais conhecidos. Tradicional no futebol paulista, o XV de Jaú já foi uma das grandes forças interioranas, mas infelizmente, hoje, vive um momento de marasmo total, assim como vários clubes do interior. A situação, até mesmo, é pior que a do Tigre, tendo em vista que no começo desse mês o "Galo da Comarca" foi afastado do futebol profissional pela FPF por dívidas. 

Foi um título de segunda divisão, é bom sempre deixar claro isso. Não se engane com a manchete e o título da notícia. Podemos ver na imagem do sexteto, com bastante clareza, que os "jogadores americanenses foram promovidos à 1ª divisão". 

O que isso pesa? Em nada. Não tira, nem mesmo, a importância do título. Até porque, na época, tanto a primeira divisão, quanto a segunda divisão eram muito competitivas. Podemos evidenciar tal fato, por exemplo, com a participação de um dos times mais ricos das duas divisões no campeonato: o Banco do Brasil. O Osasco, que você também viu acima, é o mesmo de hoje.

Uma pena é ver esse esporte somente no passado. O Rio Branco chegou, nos últimos anos, a ter um time feminino conveniado a prefeitura. Porém, a equipe da prefeitura de Americana apenas usava o registro do Rio Branco, ou seja, o Tigre não influenciava em nada nas contratações, diferentemente de 1983. 

Outra pena, também, é ver os outros esportes esquecidos. Nós temos várias pessoas que resgatam a história do Tigre. O Cláudio Giória, na minha opinião, é maior deles. Temos, também, o Roger Willians, agora vice-prefeito da cidade, que possui muitos dados da década de 20. Eu, particularmente, venho colhendo cada dia mais histórias desse glorioso. Fernando, do Riobrancana, com suas fotos e registros que emocionam. Henrique Silveira, do Copa Americana, outro grande personagem que dá importância ao resgate histórico alvinegro. Edinei, do Rio Branco Eterno. Enfim, há tantos. 

Mas vejo que esse resgate está muito concentrado no futebol. Acho isso um erro. O Rio Branco é também vôlei, basquete, tênis de mesa, hóquei, futsal, tiro esportivo, bocha, natação, e até mesmo hipismo. Ou, pelo menos, foi tudo isso. E esses outros esportes merecem, ao meu ver, tanta atenção quanto. Faço um apelo, então, a todos os pesquisadores da história do Rio Branco, mesmo não sendo historiadores - como eu e o Cláudio -, e mesmo sem a intenção de fazerem um livro, um almanaque... Pesquisem também do poliesportivo. Procurem retirar algo da história poliesportiva do Tigre. Eu já estou fazendo a minha parte: em outubro, colhi a história dos 39 anos da medalha de ouro panamericana de Athos Pisoni, no México. Hoje, trago essa "boa nova" a todos os leitores do FOCO NO ESPORTE. Vamos lá, pessoal! Vamos resgatar não só o Rio Branco futebol, mas o RIO BRANCO ESPORTE CLUBE. 
Gabriel Pitor Oliveira
Historiador e setorista do Rio Branco Esporte Clube.

Matéria: Gabriel Pitor Oliveira 
Regaste do acervo histórico pessoal de Gabriel Pitor Oliveira

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