quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Projeto social em Americana forma goleiros e cidadãos

Vander Batistella, idealizador do Camisa 1

De um sonho encerrado precocemente, para uma realidade em ajudar o próximo. Esta é a filosofia do ex-goleiro Vander Batistella, idealizador do Camisa 1. Referência no Brasil, o projeto social na cidade de Americana, interior de São Paulo, visa a formação de novos goleiros e principalmente cidadãos.

Atendendo mais de 120 crianças e adolescentes na faixa etária de 07 a 18 anos das mais variadas classes sociais e sem qualquer tipo de custo, o voluntariado pode ser caracterizado como uma verdadeira ''fábrica de sonhos''. O Camisa 1 não só trabalha os aspectos técnicos da mais difícil posição do futebol, como atua de forma consistente no molde do caráter humano.

Vander encerrou sua carreira dentro das quatro linhas aos 21 anos. A experiência adquirida no período em que esteve na arena, foi levada adiante. O futebol não saiu da vida do profissional, que então se tornou preparador de goleiros. Acumulou passagens por XV de Piracicaba, Portuguesa, Rio Branco e Guarani. Mas foi nos 11 anos em que esteve presente na comissão técnica do Alvinegro Americanense que, surgiu a ideia de montar uma escola de goleiros.

O início do projeto

Escola de Goleiros Camisa 1 nasceu no dia 07 de novembro de 2005. Com o apoio da Prefeitura de Americana através da Secretaria de Esportes e de empresas da iniciativa privada, o que era um sonho tornou-se uma realidade de forte alicerce. Para manter o projeto ativo, Vander ressalta a importância do incentivo dos patrocinadores:
''Nós não conseguiríamos sobreviver sem os parceiros. Tanto a prefeitura, um órgão público que nos ajuda muito, como a iniciativa privada. Empresas que ou contribuem parcialmente com um valor financeiro para que agregue na ajuda de custo dos professores, em alguma compra de material, e parceiros que doam materiais, doam bolas, doam camisas, doam alimentação, as frutas, os pães e o suco. Para cada item que oferecemos aqui na escola, nós temos um parceiro específico que vem contribuindo para que isso aqui se mantenha vivo.''


O coordenador ainda coloca o voluntariado dos pais dos alunos como peça chave no desenvolvimento do Camisa 1:

''Essa é uma parte fundamental. Quando o pai chega, nós tentamos agregar ele dentro do programa. Cada pai que tem a iniciativa faz a mão de obra acontecer. Seja na parte da manutenção, ajuda no corte da grama, na parte elétrica, na pintura da estrutura e melhorias. Nós temos uma comissão de pais nos apoiando como diretora da nossa associação e pais voluntários que vêm e doam seu tempo em prol de melhorias na escola.''


A estrutura física do Camisa 1 conta com dois campos, uma quadra de areia para prática de vôlei, cozinha, vestiários, almoxarifado e uma área coberta com mesas de ping pong e TV. Local também destinado para os alunos praticarem leitura e lancharem após os treinamentos.



Na Escola de Goleiros tem que ler!


Vida de goleiro é só treino de fundamentos e jogos, certo? Errado. O desenvolvimento da cultura também está inserido no portfólio do Camisa 1. Com um calendário de atividades pré-estabelecido, pelo menos uma ou duas vezes no mês, parte do aquecimento dos alunos envolve vinte minutos de leitura. Momento em que se estabelece silêncio absoluto e concentração total nos livros. 

Finalizado o tempo da leitura, professores e alunos promovem um bate-papo, comentando o conteúdo absorvido. Vander destaca que a manutenção da biblioteca acontece por meio das doações dos voluntários:

''Os pais doaram o armário para a montagem da biblioteca, nós estamos recebendo doações de livros e estimulando a leitura. Esses meninos já estão despertando o interesse de levar os livros para casa e assim ter o maior conhecimento dentro do que está sendo lido, servindo de exemplo de vida e referência.''



Cases de sucesso
Em oito anos de trabalho com jovens, o Camisa 1 ganhou o respeito e a credibilidade no meio esportivo. A escola já indicou atletas para vários clubes do Brasil. O mais recente case de sucesso, é a jovem Beatriz Bueno, de 11 anos, conhecida como Bia. Em pouco tempo de treinamento na escola especializada, a goleira foi convocada pela segunda vez para a Seleção Brasileira Sub-15. 


A atleta treinará com selecionado nacional do dia 14 a 27 deste mês, em Pinheiral, no Rio de Janeiro. Com o talento sendo lapidado, o sucesso precoce ainda é novidade para a garota:

''Eu nem esperava que eu seria convocada. Só esperava jogar, treinar. Eu nunca imaginei que eu ia estar em um time grande. Mas é bom.''

O papel dos verdadeiros ídolos do futebol, ajudam na fabricação do sonho de muitos jovens. Com Bia não é diferente, e se depender da sua grande inspiração, o futuro da garota tem tudo para ser brilhante:

''O meu ídolo é o Marcos, ex-goleiro do Palmeiras.''

Este é o processo de trabalho da Escola de Goleiros Camisa 1. Com treinamentos similares aos clubes profissionais, combinado com instrumentos de educação, organização, boa conduta social e desenvolvimento da cidadania, o projeto tornou-se um exemplo para uma sociedade cada dia mais marginalizada.






Matéria:  Uéber F. Rosário | Lucas Rafael Martins
Foto: Sanderson Barbarini

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